quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ONU pede que Turquia mantenha comunicação com a Síria



O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira (3) à Turquia que mantenha abertos todos os canais de comunicação com o governo sírio, depois da morte de cinco pessoas em uma cidade turca atingida por um morteiro disparado da Síria.

A Turquia disse ter atingido alvos dentro da Síria hoje em resposta ao ataque, e o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, considerou a situação "muito preocupante". Ele disse que a crise foi citada de passagem durante uma reunião do Conselho de Segurança dedicada a outros países.

O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, disse a jornalistas que Ban conversou com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, e "encorajou o ministro a manter abertos todos os canais de comunicação com as autoridades sírias, com vistas a reduzir qualquer tensão que possa se acumular em decorrência do incidente".

Essa declaração foi feita antes de a Turquia anunciar que havia atingido alvos dentro da Síria. Numa segunda nota, divulgada logo depois do anúncio turco, Ban pediu ao governo sírio que respeite a integridade territorial dos seus vizinhos e alertou que o conflito na Síria, iniciado há 18 meses, está cada vez mais afetando outros países na região.

"O secretário-geral pede ao governo sírio para que respeite plenamente a integridade territorial dos seus vizinhos, e também que acabe com a violência contra o povo sírio", disse a assessoria de imprensa de Ban em nota. "Os incidentes de hoje, em que disparos da Síria atingiram uma cidade turca, voltaram a demonstrar como o conflito na Síria está ameaçando não só a segurança do povo sírio, mas também causando crescente mal aos seus vizinhos."

A nota pede a todos os lados no conflito sírio para que trabalhem por uma solução pacífica para a crise. Questionado sobre o incidente na fronteira, Lyall Grant disse a jornalistas: "É muito preocupante, e isso foi abordado e discutido rapidamente no Conselho nessa tarde."

Ele acrescentou que o Conselho está agora esperando uma carta da Turquia sobre o incidente, antes de considerar medidas possíveis. O Conselho, que reúne 15 membros, já estava reunido para discutir outras questões quando a Turquia anunciou que havia atingido alvos na Síria. Essa é a mais perigosa escalada na fronteira desde o início da rebelião síria, que começou como uma série de protestos contra o governo de Bashar al-Assad e deu lugar posteriormente a uma guerra civil.



As Forças Armadas da Turquia bombardearam alvos situados em território sírio em represália a disparos efetuados a partir da Síria que mataram cinco civis em localidade na fronteira turca. O anunciou do ataque efetuado pela Turquia foi feito pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. 

"Este ataque foi uma resposta imediata de nossas forças armadas (...), que bombardearam ao longo da fronteira alvos identificados por radar", indicou Erdogan em um comunicado. "No marco do direito internacional e das regras turcas de entrada ao combate, não podemos deixar sem resposta esta provocação do regime Sírio", acrescentou o premiê na nota. 

Em reunião de emergência convocada em Bruxelas, os países membros da Otan manifestaram solidariedade à Turquia. Segundo uma fonte da diplomacia de um dos 28 países membros da aliança militar, "todos os aliados condenaram" o incidente "e enviaram uma mensagem firme de apoio à Turquia". Em comunicado divulgado após a reunião a Otan afirma que “continua ao lado da Turquia e pede o fim imediato de tais atos agressivos contra um aliado".



A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou estar indignada com o a queda de morteiro em território turco. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lamentou os bombardeios na fronteira entre Turquia e Síria e pediu ao governo turco que mantivesse abertos todos os canais de comunicação com Damasco para diminuir as tensões.

Autoridades sírias se pronunciaram sobre a queda do morteiro na Turquia afirmando que o país está investigando de onde partiu o disparo e pediram moderação ao país vizinho após a retaliação turca. O ministro da Informação sírio, Omran Zoabi, também transmitiu suas condolências ao povo turco, dizendo que a Síria respeita a soberania dos países vizinhos. Ele pediu que outros países respeitem a soberania da Síria e que controlem suas fronteiras para impedir a entrada de homens armados no país.

O morteiro disparado da Síria que caiu em um bairro residencial da cidade de Akcakale matou uma mulher e quatro crianças da mesma família.

Segundo informações da agência Reuters, uma nuvem de poeira e fumaça pairou sobre os edifícios baixos após a explosão, enquanto os moradores corriam para ajudar as vítimas. Pelo menos outras oito pessoas ficaram feridas. Muitos moradores da região foram às ruas gritando em protesto contra as autoridades locais por conta da violência crescente na região em consequência da guerra civil da Síria.

"O ataque com morteiro atingiu o bairro bem no meio. A mulher e os quatro filhos de uma mesma família morreram", disse à Reuters o chefe local do Crescente Vermelho turco, Ahmet Emin Meshurgul, acrescentando que ele conhecia as vítimas pessoalmente. "As pessoas aqui estão ansiosas, porque já fomos atingidos antes. Forças de segurança tentaram convencer as pessoas a esvaziarem o bairro perto da fronteira, mas agora temos sido atingidos bem no meio da cidade", afirmou Ahmet. 

O projétil foi provavelmente disparado durante os combates que tropas regulares sírias e grupos rebeldes realizam há duas semanas pelo controle do posto fronteiriço de Tel Abyad. Na sexta-feira, outra bomba já tinha atingido Akçakale, mas sem causar vítimas. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores